O irreconhecível aí da foto soy yo. Há uns 20 e poucos anos. Quando eu ainda tinha cabelo, que chegou ao meio das costas, e a barba não era grisalha.
Quando era adolescente, assisti com dois amigos e uma prima ao filme “Hair”, lançado em 1979. Foi um desbunde, fiquei chapado, outra forma de ver o mundo. Comprei o vinil com a maravilhosa trilha e fita em VHS. Depois, devidamente atualizados para CD e DVD. Nas décadas seguintes, perdi as contas de quantas vezes assisti ao filme. Umas trinta, eu acho.
Flertei com o ideário e a estética hippies. Isso, claro, antes dos 20 anos e de ceder ao capitalismo, o pior sistema econômico que a humanidade desenvolveu, fora todos os outros. Virei até publicitário.
“Hair”, fiel retrato de uma época, é datado. E ingênuo. Fascinante apologia do pacifismo, do desapego, do amor livre e das drogas como forma de expansão da consciência. Todas possibilidades que deram errado. Continuamos guerreando feroz e estupidamente por aí, pelas razões econômicas e étnicas de sempre; consumimos freneticamente; longe de ser moralista, mas ninguém segurou a onda do amor livre, porque posse, ciúmes, desejos de exclusividade, ainda que equivocados, estão em todos nós, em maior ou menor grau, e a única relação com chance de dar certo no longo prazo tem sido a boa e velha relação a dois (a Aids nos anos 80 também foi um freio nessa suruba deliciosa); e as tais portas da percepção abertas pelas drogas são uma falácia: a violência e as perdas causadas pela então glamourizada cocaína yuppie nos anos 80 e 90 e, especialmente o crack, já neste século, destituíram as drogas de qualquer charme e as reduziram à sua real dimensão destrutiva.
Ainda assim, apesar de (ou justamente por) ser tão naif, “Hair” continua encantando em seu discurso dionisíaco, embalado pelas músicas compostas por MacDermot, com letras de Ragni e Rado.
O filme deriva, com adaptações, do musical encenado nos EUA e aqui mesmo no Brasil no iniciozinho dos anos 1970 em montagens polêmicas e marcantes.
Em 2009, passamos meu aniversário em Nova York e, sabedora da minha relação emocional com “Hair”, minha mulher me deu de presente os ingressos para assistirmos à montagem na Broadway. Eu rejuvenesci vinte anos, fiquei felicíssimo, vendo toda aquela celebração. “Hair” é isso, essencialmente, uma celebração. Obrigado, de novo.
Ontem, fomos assistir à elogiadíssima nova montagem brasileira, da dupla mestre dos musicais, Charles Muller e Cláudio Botelho. A peça está em cartaz há quase um ano e encerra temporada carioca no final deste mês. Não sei porque demorei tanto para assistir. Receio da sensação de déja vú, talvez. Conheço a história de trás para frente, sei diálogos de cor, sou capaz de cantar desafinadamente todas as músicas. Mas estava curioso para, pela primeira vez, ouvir as letras em português.
E, novamente, foi bom demais. “Hair” segue arrebatador, incólume ao tempo. Excelentes versões das letras, elenco, cenário, figurinos, banda ao vivo. Acho que, mesmo calvo, eu nunca vou perder meu cabelo.
6 comentários:
hahahahahhaahahaahaaa! tô chocada com a foto!!!!!! massa!
Dizem que Madonna e Bruce Springsteen fizeram teste e não foram selecionados para o filme. Você teria grandes chances(rsrs). Adorei o "visu". Que venha a Era de Aquarius. Paz e Amor Bicho!
Você era tão lindo!....O tempo é mesmo cruel.
Adorei e logo na sexta feira santa. Vc continua maravilhoso, bjs
Ressuscitou no terceiro dia.
Muito boa essa foto.
Mônica
Fala Jesuuuusssss!!!!!!!!!!!!! Na boa, tá melhor agora. E a cabeleira psicodélica fica dentro da cabeça, não fora. Abraço!
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