A loura nos abordou numa esquina com acentuado sotaque nordestino:
- Brasileiros?
- Sim. Respondemos, eu já com certo receio de ter dado a resposta errada.
- Mas brasileiros mesmo? Insistiu ela como se houvesse gente de outras nacionalidades em “Brasiloche”. Mal há argentinos por lá.
- Sim. Repetimos.
- É que eu estava andando com meu noivo e me perdi dele...
- Hã?! Como assim?!
Não fizemos o teste do bafômetro, mas eram 11h da manhã e posso lhes assegurar que ela estava sóbria.
- Eu estava andando, olhando as coisas, me distraí e a gente se perdeu um do outro.
Minha mulher, boa samaritana, tentou ajudar.
- Você não sabe em que hotel você está?
- Não. Quer dizer, eu sei qual é, mas não sei o nome da rua, nem do hotel...
- Um ponto de referência, um restaurante talvez.
- Ah, tem. O fondue.
Até a santa da minha mulher já estava perdendo a paciência.
- Mas quase todos os restaurantes de Bariloche servem fondue. Você não sabe o nome?
- Não...
- Olha só, para não desencontrar de novo, é melhor você ficar por aqui, perto de onde vocês estavam. Ele também deve estar te procurando.
Na boa, se fosse eu o noivo, não estaria procurando, não. Estaria feliz da vida num táxi rumo ao aeroporto.