domingo, 29 de novembro de 2009

Dona Bella e seus dois monstros



Eu precisava de um balde de pipoca, outro de coca-cola com muito gelo e de um ar-condicionado. Escolhi o filme por um critério bastante seletivo: “2012”, o filme mais longo em cartaz, o que me renderia maior permanência sob os auspícios da refrigeração. Com seus 158 minutos, o filme catástrofe iria quase até o final dos tempos que ele próprio retrata.

Mas a sessão estava lotada. Então, como lua é sempre melhor do que sol, parti para “Lua nova”, filme teen sobre vampiros, lobisomens e amores com toques de “Romeu & Julieta” que é o segundo da saga “Crepúsculo”. Estrondoso sucesso mundial tanto no cinema como nos livros. Não assisti ao primeiro, mas acertei ao apostar que, para entender este, não precisaria do anterior.

O filme é uma sessão da tarde, só entretenimento, em que a personagem Bella, nem tão bela assim, conquista o coração do vampiro Edward e do lobisomem Jake. Eu não sabia, mas – vejam que cultura útil! – aprendi com o filme que lobisomens são caçadores de vampiros desde sempre.

O fato é que, embriagado pela Coca-cola, fui me envolvendo na historia tal e qual acontece nas novelas de TV e no final eu já estava torcendo era para a mocinha ficar com o lobisomem. Ele era mais “gente” boa.

Minha mulher torcia por ele também. Mas no caso dela era por causa do abdômen tanquinho e do corpo saradíssimo do lobisomem, que aparece sem camisa em todas as cenas. Aprendi com o filme também que lobisomens têm temperatura corporal mais elevada e nunca sentem frio. Por isso, o tronco nu(sem maldade, pessoal). Informação totalmente dispensável para a minha vida, assim como os gritinhos de excitação da platéia adolescente na primeira cena em que o cara tira a camisa. Aliás, desconfio que foi com muito esforço que minha mulher se conteve e não fez parte desse coro.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Black Friday

Hoje é a “Black Friday”, dia em que os americanos saem ainda mais ensandecidos às compras, atraídos pelas mega-promoções. Quem já foi aos EUA sabe como comprar lá é bom e, muito, mas muito, muito mais barato do que no Brasil.

Por mais que me expliquem sobre economia e impostos, não consigo entender porque uma caneca de louça no Starbucks custa US$ 5 lá e R$ 33 aqui. Ou porque exatamente o mesmo modelo de tênis Asics custa US$ 85 lá e R$ 299 aqui. Ou um notebook custar US$ 900 lá e R$ 4.900 aqui. Enfim....

Não é sobre consumo que eu quero falar. Apenas peguei o gancho da cor preta nesta sexta para postar uma sonzeira de 2003, que eu e minhas tatuagens pretas adoramos.

“Black”, do Pearl Jam.

Aliás, um show do Pearl Jam em 2005 me traz ótimas recordações, mas isso é uma outra história...


quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Pinto e cérebro

Pink e Cérebro

Eu não vou entrar na polêmica sobre o Ministério da Cultura ter imprimido o folder intitulado “Vota Cultura”, que pede ao cidadão que “apóie o parlamentar do seu estado que vota pela cultura”.

Indignado com a reação negativa da imprensa ao financiamento da publicação, o Ministro Juca Ferreira, ao ser perguntado se estaria emocionado, respondeu:

- “Eu sou assim. Meu pinto, meu estômago, meu coração e meu cérebro são uma linha só. Não sou um cara fragmentado.”

Achei bacana. Como é público e notório, nem todos os homens são capazes dessa coerência toda, especialmente no que diz respeito a ...

Seção Sem Noção - 1

Penso em criar aqui no blog a Seção Sem Noção, dedicada a hecatombes fashion e outras tragédias comportamentais envolvendo incautos cidadãos que deixaram o seu mínimo senso em casa, na infância, na barriga da mamãe ou até mesmo em alguma vida passada.

Os aspirantes à categoria serão avaliados, claro, por meus critérios sempre justos e misericordiosos.

Meu temor é que não falte conteúdo para a Seção. Mas aceito contribuições dos leitores.

Para a estréia, escolhi um pós-adolescente que vi em um shopping da Zona Sul há cerca de duas semanas. O sujeito desfilava com uma camiseta com os seguintes dizeres: “Bêbada, teste de bafômetro grátis aqui”. E o texto era complementado por uma enorme seta apontando para baixo, em direção ao pênis. Ou seja, um romântico convite para, digamos assim, um trabalho de sopro.

Se você, leitora, é das mais sensíveis, peço gentilmente que resista ao apelo da curiosidade e interrompa a leitura, porque eu vou radicalizar na baixaria: só faltou ter na camisa o aviso que o oral não poderia ir até o fim, porque afinal a camiseta era sobre a Lei Seca, né? Meu Deus!

O rapaz sem noção desfilava pelos corredores do shopping, talvez sonhando que as mulheres, bêbadas ou sóbrias, não resistiriam à proposta tentadora e voariam sobre ele como num anúncio do desodorante Axe. Excitadíssimas, frenéticas e descontroladas arrancariam com mãos e bocas nervosas sua camisa com palavras tão sutis e afrodisíacas.

Merece ou não inaugurar a Seção Sem Noção?

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Da minha estante

Foto: Leandro Wirz



Esta noite eu sonhei com você. Não, não foi erótico. Mas havia no ar um desejo inconfesso. De minha parte, confesso agora também no mundo real. (Mas se estamos falando de um sonho, e no ambiente virtual deste blog, onde está a realidade?)

Eu estava no seu apartamento, mas tudo que estava lá dentro, reconheci como sendo as minhas coisas. Eu acabara de ler e me emocionar com um texto seu – e daria tudo para me lembrar dele agora, acordado. O texto era muito bom! (Bem, como o sonho era meu, então o seu texto era na verdade, meu. E, sendo eu o autor, o publicaria aqui).

Então você chegou em casa e ficou surpresa com a minha presença no seu apartamento e por eu ter lido o que talvez não devesse. Começamos a conversar sobre eu estar ali, sobre o texto, sobre o que gostamos e queremos, amores, cinema, literatura, canções... Àquela altura, era intenso o clima de sedução entre nós. Depois, chegou uma ex-aluna, também escritora, e participou da conversa, como coadjuvante.

Na sequência, você animadamente retirava e comentava os livros da minha estante. E eu te presenteava com todos os que te agradavam. Ríamos muito.

Odiei quando o despertador tocou às 6h10. E você continua onde sempre esteve. Muito, muito longe daqui.

Exceto por estas linhas.

Indecisão, bajulação e o que realmente importa

Foto: Leandro Wirz


Hoje, o sol forte na moleira me deixou de cabeça quente. Então, eu vou dar pitaco, vou meter o bedelho mesmo sem ter sido chamado. Afinal, faz mais de 20 anos que este é um país livre e opinião é que nem ...

Eu que sou bobo, mané, trouxa, leiguinho da silva, ignorante de toda a filosofia que há entre o céu e a terra e eu nem posso sequer supor, confesso que não entendi a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a extradição do italiano Cesare Battisti.

Eu achava que supremo é aquilo que está acima. E não em cima. Do lado de cá do muro, pelo que humildemente entendi, as excelências decidiram que não decidem. Ora, na minha cabeça existem os pareceristas e os decisores. Os primeiros compilam informações, elaboram análises, justificativas e propostas. Instrumentalizam os segundos para que estes possam então decidir. Eu achava que o Supremo era para dar a palavra final.

Além disso, não é meio arriscado, a corte que é a instância máxima do Poder Judiciário autorizar o Poder Executivo a desobedecê-la? Isso não abre perigoso precedente? Ok, não é desobedecer, porque não foi uma determinação, foi uma recomendação. Mas aí voltamos ao início: se a instância máxima abdica de decidir, então a quem se apela? Ao Papa?

Com todo respeito, são inquietações deste cidadão ignorante. No mais, eu voto pela extradição (Eu avisei que ia dar palpite). Mesmo que as ações de Battisti tenham tido motivação política, não justifica matar quatro pessoas. Se Battisti é culpado ou inocente por essas mortes, a Justiça italiana já julgou. Eles decidiram.

E o filme do Lula? Acho mesmo que a vida dele dá um filme e que pode até ser bom. Eu não vou ver, de qualquer forma. O que está em questão não é o Lula, nem a obra de arte cinematográfica. Mas sim os aspectos éticos envolvidos na produção e no lançamento.

Fazer e lançar um filme sobre um governante, seja ele quem for, enquanto ele está no poder é uma bajulação interesseira que me enoja. Já pensou se a moda pega e resolvem fazer a minissérie “As viagens de Cabral”?! Não o navegador português, mas o governador do Rio. Ou se uma escola de samba resolve fazer o enredo do Carnaval 2010com o título: “Perfeita paz, prefeito Paes”?! Ou se o Serra vira enredo da Vai-Vai em São Paulo? Não pode. Ou melhor, não deve.

Se, como disseram os produtores, o processo do filme começou no longínquo 2003, então não custava tanto assim esperar mais um aninho para lançá-lo após as eleições. Seria mais bonito. Agora o filme fica reduzido à peça de campanha escrachada.

Mas a questão mais importante sobre a qual eu quero opinar é a intenção da prefeitura de proibir a venda de côco verde nas areias cariocas. A alegação é falta de condições apropriadas de armazenamento e higiene, além da sujeira deixada nas praias. Ideiazinha mais besta essa, né não? Tá faltando serviço?



ps.: escrevi este texto há alguns dias, esqueci de publicá-lo e ele caducou em parte. Agora, o côco já foi liberado nas praias. Ufa! No mais, tudo na mesma. Hoje, o sol forte na moleira...

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Historinha nada cabeluda

Recentemente, num pequeno convescote que reunia diferentes gerações de parentes e amigos testemunhei uma cena pitoresca. Três senhoras septuagenárias tentavam parecer impassíveis diante da conversa entre três trintões, todos heteros, todos metros, a que elas ouviam atentamente.

O assunto girava sobre métodos de remoção de pelos corporais. Não, barba e bigode são café pequeno. Os homens falavam dos pelos retirados nas costas, no peito, no abdômen, nas pernas, nas axilas, nas orelhas e entre os olhos, para evitar a terrível monocelha. Debatiam prós e contras de cada método experimentado, lâmina, depilação a cera, laser. Fosse um ambiente mais reservado talvez discutissem sobre os pelos pubianos.

E as senhoras lá, ouvindo entre curiosas e um pouco assustadas, provavelmente pensando que quando elas tinham trinta anos, ou mesmo sessenta, os homens heterossexuais não se depilavam. E muito menos falavam sobre isso com naturalidade e em público. Naquele tempo, até mesmo aparar com tesoura aquela mata selvagem nas axilas, apenas para facilitar o trabalho do desodorante, talvez fosse impensável.

E eu me diverti em observar e registrar esse pequeno flagrante de que os tempos e os costumes estão sempre mudando. É assim que eu me divirto.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

500 dias ou pra sempre



No mesmo dia da semana passada, uma amiga, no almoço, e um amigo no chopp noturno, me indicaram um filme despretensioso e muito bom: “500 dias com ela” (“500 days of Summer”). Não pude deixar de assistir.

Um cara romântico se apaixona por uma mulher que só quer se divertir sem compromisso. O barato é que é ele quem tem as atitudes e os sentimentos mais comuns de serem encontrados nas mulheres, e vice-versa. Como por exemplo, tentar interpretar cada sílaba do que ela fala ou querer um rótulo para definir a relação deles. Já ela avisa logo de cara que não quer compromisso.

A história é contada em narrativa não cronológica, mas bem amarrada em um roteiro divertido, no qual a alternância de emoções é intensa ao longo dos tais 500 dias. As piadas, literalmente presentes da primeira à última cena, são ótimas.

Joseph Gordon-Levitt, que parece uma versão mais franzina e morena de Heath Ledger, vive Tom, o arquiteto frustrado que ganha a vida escrevendo mensagens em cartões e se apaixona por Summer (Daí o trocadilho no título original), a garota que não acredita no amor. Ela é interpretada por Zooey Deschanel, que lembra a cantora Katy Perry e às vezes lança olhares e sorrisos à la Meg Ryan.

Em sua leveza, o filme nos convida a refletir sobre nossas aspirações, nossos desejos às vezes sufocantes, a crueldade do mito do “feitos para um o outro”, “da pessoa certa pra mim”. Faz pensar também sobre como dramatizamos as relações e como superamos os “amores de nossas vidas”. Mas tudo de modo fluente, com graça, sem aprofundamentos mais sérios.

Há cerca de um mês, assisti a outro filme que faz pensar sobre amor e destino, liberdade e fatalidade: “The Time Traveler's Wife”. Fui ver só porque boto muita fé nas dicas de uma amiga que tinha visto o filme nos EUA. O problema é que o título em português ficou brega de assustar: “Te amarei para sempre”. Raro caso em que era melhor fazer uma tradução literal. “A mulher do viajante do tempo” seria bem mais instigante. Aliás, a versão em livro optou por esse título.

Não me arrependi de aceitar a indicação. Se "500 dias com ela" é mais engraçado, "Te amarei para sempre" é bem emocionante. A despeito da inverossimilhança (um cara com mutação genética é capaz de viajar no tempo),o filme é, em essência, uma história de amor e de (não)escolhas. Ele viaja no tempo, indo e vindo, e visita a mulher com quem se casaria desde que ela era uma criança. Já ela cresceu sabendo o que lhe aconteceria. Limitada a um destino, quais eram suas reais possibilidades de escolha?

Bem, a sua liberdade de escolha inclui, entre milhões de outras, aceitar ou rejeitar essas duas dicas de filmes.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

18 & life

Em uma festa de aniversário de uma amiga dos tempos de colégio, eu e M. voltamos a ser garotos de 18 anos. Ficamos lá encostados na parede, consumindo long necks e monitorando, como se fôssemos predadores, a movimentação na pista de dança.

Lá pelas tantas, nos distraímos com uma jovem esfuziante que dançava sensualmente bem próxima a nós. À meia luz era difícil cravar a idade, mas era algo entre os 17 e os 21. Até que M. disse:

- Não podemos olhar escancaradamente. Temos que ter cuidado porque pode ser a filha de uma de nossas amigas.

Rimos muito da nossa própria decadência, claro. Velhos leões da savana.

E então deixamos de falar de mulher por alguns minutos. Leitor deste blog e dos meus livros, M. me perguntou quando vou escrever um romance.

- Vontade, tenho; capacidade, não. Pelo menos por enquanto. Minhas histórias são tiro seco, rápidas, diretas, de fôlego curto.
- Você é um fundista.
- Sim, não um maratonista.
- Jamaicano!
- E não queniano.

Dito isso, os elegantes tiozões acharam por bem suspender as long necks.

sábado, 14 de novembro de 2009

Sexta 13

Eu sempre achei uma bobagem esse negócio de superstição. Nada de ligar para sexta-feira 13, gato preto, passar em baixo de escada, sete anos de azar por espelho quebrado etc etc.

Tudo crendice. Te esconjuro, pé-de-pato, mangalô três vezes. Acreditar em superstição dá azar. (Opa,será que isso é superstição?)

Mas ontem eu balancei em minhas crenças. Vi que coisas muito sinistras podem acontecer em uma sexta-feira 13: o Vasco ser campeão, por exemplo.

Os vascaínos podem finalmente se orgulhar de ter um título que o Flamengo jamais terá: Campeão da Série B.

O Flamengo nunca vai sequer disputar a Segundona.

Curtição rosa



Então tá, a Uniban desistiu de expulsar a moça do vestido indecoroso e de suspender os alunos de atitude preconceituosa. Com o estardalhaço, os neo-caretas aprenderam a lição de que é proibido proibir? Claro que não, mas decidiram deixar tudo por isso mesmo e foram tomar "um chopps e comer dois pastel" porque o calor tá de lascar.

Dizem as más línguas (e existem boas?) que circulam pelas redes sociais que outras faculdades já estavam querendo oferecer bolsa para a moça. Duas na verdade, sendo uma de estudo.

Depois da crise de imagem, provocada pelo Geisygate já tem assessor sugerindo que a universidade de São Bernardo troque de nome. Vote em sua opção favorita:
( ) Unitalibã, porque as mulheres devem estar totalmente cobertas;
( ) Unibam-bam, porque os homens lá tem a mentalidade do tempo das cavernas;
( ) Unibambi, porque homem que vaia popozuda de microvestido, é ...

É fato que Gesiy perdeu a direção e, acima do peso, atropelou sem dó, piedade e noção o dress code da faculdade. Mas isso não justificava o quase linchamento a que foi submetida.

De qualquer modo, tudo parece exagerado nessa história: o tamanho sumário do vestido, a reação descabida dos outros alunos e a repercussão viral do episódio.

Teve uma noite desta semana em que a Geisy era o segundo assunto mais procurado no site da CNN. Falta notícia no mundo...

Na última terça, povo foi lá para a porta da agora notória universidade em São Bernardo protestar e fazer bagunça. “Free, free, Geisy Arruda free!”. Sabrina Sato estava lá fazendo programa (de TV! Que fique bem claro) e usando um modelito similar. Será que ela vai pedir para o senador Suplicy vestir um, como fez com a sunga vermelha? Curto rosa. Mas a Sabrina ficaria melhor sem ele.

Já pensou se a moda do microvestido rosa-choque pega, lançada por estilistas e encampada pela mídia?!. Se a protagonista da novela das 21h, top model internacional, peguete do personagem do grande, do enorme, Zé Mayer aparece usando um vestidinho desses, pronto: vira febre de verão. Circulando pelo shopping Rio Sul vi que uma loja oportunista já tinha colocado um tubinho Geisy style na vitrine.

Por sorte, a Geisy é estudante de turismo. Porque se fosse estudante de moda, era caso para o Ministério da Educação intervir e fechar o curso.

Aliás, alunos dessa faculdade podem ficar prejudicados na disputa acirrada por uma vaga no mercado de trabalho. Sinceramente, o que você pensaria ao ler no currículo do sujeito que ele se graduou na Uniban?

Na quarta-feira, cerca 250 alunos da UnB, em Brasília, tiraram a roupa em solidariedade a estudante. Socorro! Chama a Geisy!

Chamaram. A Geisy foi assediada pela Revista Sexy e por uma produtora de filmes pornôs. Ela colocou megahair e clareou ainda mais as já oxigenadas madeixas...

Mas esse assunto já cansou, né? Tá parecendo uma das fitas-banana da coluna do Artur Xexéo. Geisy virou celebrity, mas já passaram os protocolares 15 minutos de fama.

O rosa curto ficou longo demais...

E o fim do mundo está próximo.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Vá ao cabaré!

Foto: Divulgação


Está em Brasília? Então vá assistir ao espetáculo "Cabaré das Donzelas Inocentes", que estreia hoje, para convidados, no CCBB e fica em cartaz até 6 de dezembro.

Direção: Murilo Grossi e William Ferreira
Dramaturgia e pesquisa musical: Sérgio Maggio
Elenco: Adriana Lodi, Bidô Galvão, Carmem Moretzsohn e Catarina Accioly
Temporada: de 13 de novembro a 6 de dezembro de 2009
Horários: de quinta a sábado, às 21h, e domingo, às 20h
Duração: 70 minutos
Classificação indicativa: 16 anos
Local: Centro Cultural Banco do Brasil Brasília
Telefone: (61) 3310-7087
Ingressos: R$15 e R$7,50 (para professores, estudantes, pessoas com mais de 60 anos e correntistas do BB).

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Pretty in pink



Outro assunto que não dá para deixar passar em branco – até porque é rosa-choque – é o da estudante de turismo Geisy Arruda, que paralisou uma faculdade no interior de São Paulo e mobilizou a mídia nacional com seu micro-vestido.

Todo mundo já sabe a história: no dia 22 de outubro, a moça sem noção de elegância, vestiu um vestido hiper justo e curto e foi assistir às aulas. Como que em combustão espontânea, ela começou a ser hostilizada, xingada, ameaçada de agressão e estupro pelos colegas da faculdade que, anônimos no meio da massa, deram vazão aos seus instintos mais baixos e selvagens e converteram-se numa turba ignara.

As imagens que correram as televisões e a internet são assustadoras. Como escreveu Ruth de Aquino, na revista Época, o “motim moralista fez a faculdade parecer o presídio do Carandiru.” Em plena rebelião, eu diria.

A estudante teve que ser coberta por um jaleco, saiu da faculdade escoltada pela polícia sob um ensurdecedor coro de “puta! puta!”. Pura e puta hipocrisia. Boa parte dos marmanjos heteros que estavam ali provavelmente queriam comer a mulher. E muitas das mulheres provavelmente invejavam a atenção que ela despertou. Além disso, se ela for prostituta, o problema é dela. Ou melhor, a profissão é dela. E nenhum dos seus coleguinhas de classe na faculdade tem nada com isso. A relação prostituta–cliente é das mais honestas que conheço.

Como se não bastasse todo esse circo trágico, a Universidade Bandeirante (Uniban), em uma “medida educativa”, anunciou nesta segunda a expulsão da estudante.

Surreal. É uma inversão total. A estudante Geisy Arruda é vítima e não ré. Ela pode ser uma tonta, porque vestiu uma roupa inadequada para a ocasião. Vestiu roupa de balada para ir à aula. Mas cada um é livre para se vestir como bem quiser ou puder. O vestidinho era bem feio, mas isso não é crime. E mesmo que tenha ficado brega ou vulgar, nada justifica a reação bárbara dos estudantes que pulavam e urravam pelos corredores.

Que juventude é essa que está sendo formada pela faculdade?! Profissionais de turismo incapazes de aceitar as diferenças e conviver em um ambiente multicultural? Advogados inaptos para julgar somente a partir de provas e não de preconceitos?! Professores que ensinarão Agressão Física ao invés de Educação Física?!

Agora, a estudante diz que vai processar a universidade e essa novela bizarra ainda vai render muitos capítulos.

E pode ser que tudo acabe como escreveu Ruth de Aquino em sua triste e lúcida conclusão: “A estudante ficará traumatizada? Ou célebre e rica? Geisy pode ganhar indenização, escrever um livro, posar para a Playboy e inspirar um filme. Esta é a vida como ela é.”



ps.: para aliviar o clima tenso deste texto, usei como título o nome de um filme bem legal dos anos 80: “Pretty in Pink (A garota de rosa-shocking)”. Comédia romântica bobinha, estilo sessão da tarde, estrelada por Molly Ringwald e Andrew McCarthy.

Ele acha

Outubro passou e eu pouco escrevi. “Tenho andado sem tempo” é a mais esfarrafapada e honesta das desculpas. O fato é que tenho estado cansado, porque ralo no trabalho (infelizmente, blog não paga as contas) e comecei a lutar Vale-tudo heroicamente contra uma barriga que insiste em me pertencer. Será um duelo highlander. No fim, só pode restar um. E é claro que temo por mim neste combate.

Mas enfim, outubro passou e eu pouco escrevi. Assuntos palpitantes passaram e perderam o timing jornalístico. Mas tem coisas que não dá para não comentar. Caetano Veloso, por exemplo, que também não deixa de comentar nada.

Na semana passada Caetano foi deus na mídia. Onipresente como Lula. A quem, por sinal criticou, chamando de analfabeto. E também julgou Woody Allen um cineasta menor, teceu loas à virtual candidata do Partido Verde à presidência da República, Marina Silva, e comentou a importância do antropólogo francês Levi Strauss, recém falecido aos 100 anos.

Não vou entrar no mérito das opiniões de Caetano. São opiniões e cada um tem as suas e o livre direito de expressá-las sem censura. Eu também dou um monte de opinião sem ser chamado e sem ser “Caetanto”. Suas opiniões não devem ser levadas tão a sério como a sua criação artística. Esta sim, importa mais.

O que me intriga é por que desde sempre a mídia quer tanto ouvir Caetano sobre tudo. Será que sua vocação polemista ajuda a vender jornal? E Caetano quer quase sempre falar sobre quase tudo. Do preço do chuchu à Nona Sinfonia. Da macroeconomia à arquitetura art-déco. De poesia concreta ao Dalai Lama. De desmatamento ao Metallica. “Metallica é lindo”, disse ele uma vez.

Portanto, daqui para frente, use o similar nacional. Dispense o Google e pergunte ao Caê.

O inferno, o inferno...



No último sábado, sem resistir ao trocadilho do título (“Aquecimento local”), o jornal O Globo estampou esta foto de Gustavo Stephan que registra o termômetro cravando 46C em frente à Central do Brasil na véspera. A temperatura máxima daquele dia, na divulgação oficial, foi de 39C.

Por coincidência, no sábado, precisamente às 13h10 passei por esse mesmo termômetro e conferi que a situação era ainda pior: 47C.

Ultimamente, o clima no Rio tem alternado entre dias de chuva contínua ou de sol criminoso sobre nossas cabeças. Ou seja, como disse um amigo, o tempo alterna entre inferno molhado e inferno seco.

Penso que a melhor tradução musical do Rio não está em “Cidade Maravilhosa”, ou em “Aquele abraço”, ou no “Samba do avião”, mas sim em “Rio 40 graus”, de Fausto Fawcett. Mas a letra que diz “Rio, 40 graus, cidade maravilha, purgatório da beleza e do caos”, requer atualização século XXI.

Não é mais purgatório. Já descemos ao inferno.