terça-feira, 11 de junho de 2013

Marmanjos melados

Eu estava na porta do clube esperando chegar o táxi que chamei.  Outro carro vem.  Cinco marmanjos tentam convencer o taxista a levar os cinco em uma corrida só, espremidos em um sedã pequeno.

Oferecem pagar a mais do que o taxímetro marcar. Oferecem o dobro. Oferecem pagar a multa se, por ventura, ela vier. O taxista permanece irredutível ante as propostas turbinadas pelo – neste caso, muito – vil metal.   Educadamente, explica que transportar cinco passageiros é ilegal e sobrecarrega o carro.

O taxista aciona pelo rádio outro carro da cooperativa, provavelmente esperançoso de que, com dois carros à disposição, o grupo aceitasse se dividir.

Os marmanjos, todos bem acima dos quarenta anos, insistem.  Um dos babacas senta-se no meio-fio, de birra infantilóide, e diz ao taxista que ou leva os cinco ou não leva nenhum.

Chega o outro táxi, igualmente um pequeno sedã, que, lamentavelmente aceita levar os cinco espremidos. O birrento faz cara de triunfo sobre o taxista que havia se recusado a transportá-los.

Eu, que ainda aguardava meu táxi, fiz questão de cumprimentar o primeiro taxista dizendo que ele agira corretamente. 


Mas não consegui entender a razão de cinco marmanjos suados, saindo da pelada de domingo no clube, fazerem questão de andarem grudados, melados e apertados, se roçando no carro. 

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