Eu estava na porta do clube esperando chegar o táxi que
chamei. Outro carro vem. Cinco marmanjos tentam convencer o taxista a
levar os cinco em uma corrida só, espremidos em um sedã pequeno.
Oferecem pagar a mais do que o taxímetro marcar. Oferecem o
dobro. Oferecem pagar a multa se, por ventura, ela vier. O taxista permanece
irredutível ante as propostas turbinadas pelo – neste caso, muito – vil
metal. Educadamente, explica que
transportar cinco passageiros é ilegal e sobrecarrega o carro.
O taxista aciona pelo rádio outro carro da cooperativa,
provavelmente esperançoso de que, com dois carros à disposição, o grupo
aceitasse se dividir.
Os marmanjos, todos bem acima dos quarenta anos, insistem. Um dos babacas senta-se no meio-fio, de birra
infantilóide, e diz ao taxista que ou leva os cinco ou não leva nenhum.
Chega o outro táxi, igualmente um pequeno sedã, que,
lamentavelmente aceita levar os cinco espremidos. O birrento faz cara de triunfo
sobre o taxista que havia se recusado a transportá-los.
Eu, que ainda aguardava meu táxi, fiz questão de
cumprimentar o primeiro taxista dizendo que ele agira corretamente.
Mas não consegui entender a razão de cinco marmanjos suados,
saindo da pelada de domingo no clube, fazerem questão de andarem grudados,
melados e apertados, se roçando no carro.
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