sábado, 25 de junho de 2011

Paris é mais bonita na chuva.


Fitzgerald (Scott e Zelda), Hemingway, Cole Porter, Gertrude Stein, Picasso, Dalí, Man Ray, Buñuel, Toulouse-Lautrec, Degas, Gauguin..


E Gil Pender, claro. Gil Pender. Vai me dizer que não o conhece?!. Ele é o roteirista com aspirações literárias que viaja ao passado e convive com os geniais talentos listados no parágrafo acima no novo filme de Woody Allen, “Meia-noite em Paris”. E ainda há citações a Modigliani, Braque, Rodin e Camille Claudel.

O filme é uma delícia, leve, gostoso de assistir. Comédia romântica com o refinamento humorístico de Allen, em plena forma aos 76 anos.

A sedução se consuma logo no início da projeção. Ao som de uma bela trilha, a sequência de tomadas nem tão óbvias de uma das cidades mais bonitas, românticas e charmosas do mundo dá de dez em qualquer vídeo promocional que o bureau de turismo da capital francesa poderia produzir.

Paris é ainda mais bonita na chuva.



Outra excelente opção em cartaz é o francês legítimo “Potiche”, dirigido por François Ozon, com interpretações magistrais de Catherine Deneuve, Gérard Depardieu e Fabrice Luchini. Divertida comédia passada em 1977, em que a esposa troféu (Deneuve) assume a direção da fábrica de guarda-chuvas da família depois que o marido (Luchini) é sequestrado por operários grevistas e tem um infarto. Depardieu, político comunista, é um dos ex-amantes da esposa que aos poucos revela não ser exatamente um mero troféu. Retrato engraçado e ácido das relações profissionais, do casamento e do papel da mulher.

Cada um que case com quem quiser

O livre-pensar e a liberdade de expressão são direitos inalienáveis.


Depois de saborear as fotos da ex-BBB Maria qualquer coisa, com a roupa fetiche espartilho e cinta liga, de uma loura maravilhosa num Opalão anos 70 e da Lizzy Jagger (feia e sem a boca do pai famoso), de olhar o editorial de moda e a coleção de carros de Ralph Lauren, me dei ao trabalho de ler a entrevista do deputado Jair Bolsonaro à Playboy.

Discordo de tudo o que ele pensa e diz. Mas felizmente vivemos em uma democracia e ele tem o mesmo direito que eu de pensar e de se expressar. Ainda que eu considere absurdas e deploráveis suas ideias.

Sou hetero e totalmente gay friendly. A favor da união civil entre homossexuais e a favor do direito desses casais adotarem filhos. Homofobia é crime.

Esta semana um juiz de Goiânia anulou a união civil de um casal gay. A anulação foi revogada, na sequência, por uma desembargadora. Felizmente.

Claro que o juiz tem o direito de, pessoalmente, ser contrário a esse tipo de união. Mas seu ato foi desrespeitosa afronta ao Supremo Tribunal Federal que recentemente manifestou-se favoravelmente às uniões civis entre pessoas do mesmo sexo. O juiz, evangélico, foi homenageado pela bancada de parlamentares que compartilham a mesma religião no Congresso. Um juiz de primeira instância que afronta o Supremo, sem alçada para isso, deveria ser repreendido e não homenageado.

Claro que o juiz tem também o direito inalienável a professar a sua fé. Total liberdade de credo. Ele declarou que anulou a união civil porque “Deus me incomodou, me impingiu a decidir.” Isso é o que me incomoda. Ou seja, tomou uma decisão jurídica baseado em sua fé. Julgou-se investido de uma autoridade divina. E embaralhou religião e poder. O Estado é laico, seu juiz! E o mundo é gay.

Um amigo sabiamente diz: “se você fala com Deus, você está orando; se Deus fala com você, você é louco”.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Barrigas e dentes

Conversa informal, mesa do bar, pós-trabalho. Alguns, amigos há tempos. Outros, melhores amigos há dez minutos.


Papo vai, papo vem, ela diz, sem mais, que não gosta de homem sarado. Porque o homem sarado, de abdômen tanquinho, vai cobrar dela que seja sarada também. Muita pressão. Mulher sofre. Ela diz ao meu amigo que prefere um cara com uma barriguinha, para que eles possam tomar uma cervejinha e se divertirem juntos, sem neuras.

Eu mandei avisar que a minha barriga é maior que a do meu amigo. Em vão. Meu sagaz amigo é quem conquista a moça que não gosta de tanquinhos. Diz que o importante é a roupa lavada. E que é melhor usar a máquina.

Horas depois, o destino faz com que meu amigo Brastemp e a moça de franjinha que não gosta de sarados sentem-se lado a lado nas poltronas apertadas da TAM.

Chamaram-no para trocar de lugar. Ele, claro, recusou, usando um argumento racional. Tinha que ficar naquela poltrona porque vai que o avião cai e para identificá-lo, precisam saber que ele estava na poltrona definida no check-in.

Se encontrassem sua arcada dentária, estaria sorrindo.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Pegabilidade #2

Estávamos no Centro de Estudos Acadêmicos Avançados de Filosofia do Buteco, discutindo o já célebre conceito de pegabilidade, desenvolvido pelo meu amigo G, homônimo ao tal ponto.


Além das aulas de dança de salão e culinária, elencávamos o que mais poderia enriquecer nossos currículos e aumentar nosso valor de mercado. Homens e mulheres palpitavam e durante o brainstorm etílico foram saindo sugestões como:

- se vestir bem, de maneira casual e descolada (tira o terno, "que eu quero vc sério");

- fazer exercícios físicos, cuidar da saúde e da aparência (sem metrossexualidades);

- ter pouca barriga (nem precisa ser abdômen tanquinho tipo assim, o meu, onde dá pra contar os gominhos de chopp);

- aprender a tocar um instrumento musical (violão, sax ou gaita, na lista de preferências);

- gostar de fazer programas culturais de vez em quando (“velozes e furiosos” não conta);

- ter um cachorro (E é melhor se o seu for grande e esperto. Ah, poodle não é cachorro);

- usar a aliança no anelar esquerdo (é uma espécie de certificado de qualidade, produto já testado e aprovado. Por outro lado, a aliança no anelar direito é desabonadora. Quem ainda fica noivo hoje em dia, pelamordideus?!)

Dinheiro é hors-concours para aumentar a pegabilidade. É afrodisíaco natural. “Um amor e uma cabana” só funciona se a cabana for um bangalô sobre palafitas numa praia paradisíaca da Polinésia. Mesmo assim, só até bater a crise de abstinência de shopping.

E enquanto a gente ficava bobamente na teoria, na mesa em frente um casal ia ao que interessa e se pegava para valer. Como só se pegam em público aqueles que estão ficando juntos pela primeira, no máximo, segunda vez.