sábado, 25 de junho de 2011

Cada um que case com quem quiser

O livre-pensar e a liberdade de expressão são direitos inalienáveis.


Depois de saborear as fotos da ex-BBB Maria qualquer coisa, com a roupa fetiche espartilho e cinta liga, de uma loura maravilhosa num Opalão anos 70 e da Lizzy Jagger (feia e sem a boca do pai famoso), de olhar o editorial de moda e a coleção de carros de Ralph Lauren, me dei ao trabalho de ler a entrevista do deputado Jair Bolsonaro à Playboy.

Discordo de tudo o que ele pensa e diz. Mas felizmente vivemos em uma democracia e ele tem o mesmo direito que eu de pensar e de se expressar. Ainda que eu considere absurdas e deploráveis suas ideias.

Sou hetero e totalmente gay friendly. A favor da união civil entre homossexuais e a favor do direito desses casais adotarem filhos. Homofobia é crime.

Esta semana um juiz de Goiânia anulou a união civil de um casal gay. A anulação foi revogada, na sequência, por uma desembargadora. Felizmente.

Claro que o juiz tem o direito de, pessoalmente, ser contrário a esse tipo de união. Mas seu ato foi desrespeitosa afronta ao Supremo Tribunal Federal que recentemente manifestou-se favoravelmente às uniões civis entre pessoas do mesmo sexo. O juiz, evangélico, foi homenageado pela bancada de parlamentares que compartilham a mesma religião no Congresso. Um juiz de primeira instância que afronta o Supremo, sem alçada para isso, deveria ser repreendido e não homenageado.

Claro que o juiz tem também o direito inalienável a professar a sua fé. Total liberdade de credo. Ele declarou que anulou a união civil porque “Deus me incomodou, me impingiu a decidir.” Isso é o que me incomoda. Ou seja, tomou uma decisão jurídica baseado em sua fé. Julgou-se investido de uma autoridade divina. E embaralhou religião e poder. O Estado é laico, seu juiz! E o mundo é gay.

Um amigo sabiamente diz: “se você fala com Deus, você está orando; se Deus fala com você, você é louco”.

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