Mal se sentam à mesa ao lado e os dois jovens casais pedem à
garçonete que fotografe seus sorrisos congelados em momento de euforia
fabricada para consumo externo. Click
feito, foto postada nas redes sociais imediatamente. Os quatro então se voltam para seus
smartphones por vários minutos. O silêncio é interrompido quando uma das
mulheres comenta que já tinha cinco curtidas na foto. E voltam a mergulhar no
cristal líquido das telas. A interação é essa, virtual.
Não difere muito da nossa, real. Permanecemos calados
observando o movimento ao redor e cortando o silêncio com pontuais comentários
ácidos.
Ao mirar o espelho, eu faria um sobre a melancolia dos
casais antigos.
Mas preferi calar.