terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Bon vivant

Em seu cinquentenário, eu trocava novidades, ideias e filosofia barata com um grande amigo, fotógrafo, bom de prosa e de copo, na melhor tradição mineira.

Como me conhece há tempos, ele sabe que não tenho a intenção de ser pai nesta vida. Não vem ao caso agora se é por opção, preguiça, egoísmo, imaturidade, desinteresse, falta de saco para crianças ou qualquer outra razão. (Difícil mesmo é encontrar uma razão para ter filhos. Razão e não emoção).

Lá pelas tantas, meu amigo, pai de duas adolescentes, disse: “-É, camarada, não tenha filhos mesmo, não. Isso não combina com você. Você é muito livre e é um bon vivant.”

Bon vivant?! Eu?! Só porque admiro o modus vivendi do finado Jorginho Guinle ou de Hugh Heffner? Por que tenho pendores e despudores hedonistas?

Ah, meu caro, quem me dera ter todo esse savoir-vivre. Quem me dera saber fazer poesia dos dias e atravessar a vida com a elegância dos verdadeiros sábios.

Este ano acaba e logo outro começa. E ainda tenho tanto por aprender. Preciso aprender a dar importância ao que realmente importa, descartar as culpas improdutivas, ser mais paciente, principalmente com quem fala na velocidade de um monge budista contemplando as montanhas do Tibete.

Também preciso aprender a ser mais humilde. Mas aí, toda vez que eu tento, me faltam argumentos.

Um comentário:

Celso Cavalcanti disse...

É Leandro, mas mesmo sem herdeiros biológicos nessa vida, sempre acabamos assumindo a paternidade de "filhos" variados, sejam coisas, amigos, bichos, vícios etc. Ou adotar um blog para chamar de seu não é uma forma de ser pai?