segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Coisas do mundinho

Saiu no caderno Ela, do O Globo, no sábado, 31/01. Front São Paulo, com Carolina Isabel Novaes e Patrícia Veiga cobrindo a São Paulo Fashion Week:

“Existe uma explicação – Nobu Oagta, da grife OEstudio, explicou o que significava o vaso sanitário exposto na passarela: o gráfico (feito de linha vermelha) mostrava as oscilações da Bolsa de Valores, até que a linha vermelha (representando a Bolsa) despencou tanto que entrou dentro da privada (ou seja, deu m.), estourando a bolha (da privada saíam bolhas de sabão). Pois é, teve esse tipo de pensata na São Paulo Fashion Week”.

Alguma outra reação possível, que não seja gargalhar? Talvez ficar estupefato. Ou passado. Ou bege.

Fal Azevedo, colunista do Ig, publicou em seu Palavras da Fal, em 28 de janeiro:

“Temporada de desfiles pra tudo quanto é canto, e a televisão cobre todos, e eu – que de moda só sei a teoria, a história, acabo vendo coisiquita aqui, coisiquita acolá. E não foi que aprendi que tem moços e moças (Deus nos livre da velhice, essa coisa feia, vergonhosa, em nossas telas só jovens ou criaturas que juram por Deus que estão nos enganando) que são pagos pra serem comentaristas de desfile. Ah, o mercado é uma coisa maravilhosa, pois não? E dentre esses doutos profissionais, eis que me deparo com mocinho cuja principal função era determinar se esta ou aquela modelo “agregava energia” a cada desfile. Sério. “Agregar energia”. Nós nos tornamos tão rasos, tão imbecis, tão absolutamente nada nalgum dado momento, ou sempre fomos assim e eu é que sou tonta demais pra perceber. Explique o conceito “agregar energia”, por favor. Não quer dizer nada. Aqui vamos nós, absolutamente dispensáveis, cada um de nós. Para usar outra frase que também não quer dizer coisa alguma e que, exatamente por isso, ilustra nossas vidas e nosso tempo, seguimos “vivendo a vida e entendendo o momento”.

“Agregar energia” é só uma atualizadazinha básica e fashion do dialeto marqueteiro e seu infame “agregar valor”, cujo conceito é exatamente o mesmo: porra nenhuma. Mas atenção, “agregar valor”, ficou tão déja vu, que agora é démodé.

Pensando melhor, talvez agregar energia seja juntar pilhas.

E daí, fazer uma instalação com elas – que tal “Empilhando pilhas”? -, já que os limites das artes plásticas estão tão dilatados. Tudo é arte. Ou pode ser. Até mesmo a obra da jovem artista Bianca Bernardo (não confundir com Bernardo & Bianca, desenho da Disney), que participa da 5ª edição da mostra coletiva “Abre alas”, distribuída entre as galerias A Gentil Carioca, Centro de Arte Hélio Oiticica e Barracão Maravilha, em cartaz no Rio.

A obra é um amontoado de rosas secas e murchas no chão.

Mas o conceito – ah, o conceito, vide bula! - é uma “homenagem a prostitutas argentinas assassinadas”.

Então, tá. E aquela tela toda branca significa o profundo vazio existencial da alma humana.

Nenhum comentário: